quarta-feira, maio 8, 2024
ARTIGOS

Homeschooling parcial, existe afinal?

Nós últimos meses tenho visto muitos pais que possuem filhos estudando em escolas afirmarem que estão realizando homeschooling parcial. Por outro lado, as famílias homeschoolers estão tentado diferenciar entre supostos tipos de homeschooling. Com a adesão de inúmeras famílias que estão optando pela Educação Familiar Desescolarizada , decidi entrar nessa discussão, a fim de quem sabe, contribuir um pouco para o esclarecimento da situação. Como diriam os antigos: terei que colocar minha colher nessa cumbuca!

A expressão homeschooling parcial tem ganhado muitos adeptos, principalmente em grupos de educação domiciliar. A compreensão desse termo aqui no Brasil, baseado no seu uso constante, tem ganhado status de senso comum. Um pouquinho de envolvimento no mundo homeschooler  é suficiente para levar a compreensão generalizada de que no homeschooling parcial a criança recebe apoio dos pais após o período da escola. Nessa concepção, a criança frequenta uma instituição escolar mas é frequentemente auxiliada pelos pais com as tarefas escolares,  os quais atuam sanando lacunas de conteúdo, aprofundando alguns temas, ou até mesmo propondo conteúdos não contemplados pela escola regular.

Levando em consideração o princípio dessa definição, todas as famílias que possuem filhos em escola, que se preocupam com o aprendizado, que se afadigam na lida diária da estimulação cognitiva e dos afazeres escolares, seriam então homeschoolers parciais.

Mas afinal, o tal do homeschooling parcial existe?

Ao investigar mais atentamente esse termo, descobri que nos EUA o partial homeschooling  ou part time homeschooling realmente existe, porém sua concepção difere da utilizada pelos pais brasileiros.

Para as famílias homeschoolers americanas (ou boa parte delas, dependendo do Estado em que moram), a escola  é uma parceira na formação de seus filhos. Então, aulas são oferecidas para as a famílias como suporte para o homeschooling: artes, música, esportes, laboratórios, são algumas das disciplinas especializadas disponibilizadas.  Dessa forma, as crianças educadas em casa podem usufruir da estrutura escolar, de acordo com a conveniência ou desejo dos pais.  Algumas práticas também são consideradas como homeschooling parcial, como por exemplo o auxílio por meio de tutoria em assuntos específicos como a alfabetização, ou aulas particulares de disciplinas específicas.

Pesquisando mais um pouco, descobri que muitas são as razões para que os pais lancem mão do homeschooling parcial: algum acontecimento familiar que impeça o homeschooling integral (como uma doença grave de um membro da família, por exemplo), a necessidade de um suporte acadêmico especializado para determinada disciplina, uma ajuda profissional especializada para aquele filho atípico, dentre outros.  Veja alguns artigos sobre o assunto: Homescolling parcial EUA 1 e  Homeschooling Parcial EUA 2

Portanto, o homeschooling parcial é apenas uma face do homeschooling integral. Em outras palavras, quem faz homeschooling parcial necessariamente pratica também o homeschooling integral.

Se você tem utilizado a nomenclatura de modo equivocado, quero te dizer que compreendo perfeitamente seu desejo. Vejo uma preocupação maravilhosa dos pais em relação a educação de seus filhos, inclusive nas famílias com crianças escolarizadas. Quando observo no face, pais dizendo: “me ajudem, faço homeschooling parcial e…” consigo enxergar amor e dedicação parental.

Inclusive ouso afirmar que a confusão da nomenclatura reflete a inconformidade da atual situação educacional. Algumas são famílias que se encantaram pela proposta educacional do homeschooling, mas estão juntando toda a sua coragem para dar esse passo tão importante. Outras, desejam praticar a educação domiciliar, mas não podem por diversos fatores.

Mesmo assim devo enfatizar que quando se menciona que o homeschooling é um estilo de vida, é quase impossível imaginar uma fusão escola/homeschooling. Filosofias diferentes, objetivos diferentes. É quase como estar na praia de casaco e cachecol.

Minha  humilde sugestão então  é chamar todo aquele trabalho pós escolar de afterschooling, que é nomenclatura mais condizente com a situação. Realizar tarefas de casa, acompanhar e estudar conteúdos, tomar o conteúdo da prova, conferir materiais, e quem sabe estudar algo mais. Na verdade esse nome cult, nada mais é o que toda mãe e pai de bem faz com crianças escolarizadas: acompanhá-las e certificar que o aprendizado está ocorrendo. Eu mesma realizei esse imenso e exaustivo trabalho durante 10 anos de nossas vidas.

Para finalizar, apenas um alerta. Estar entre esses dois mundos: escolarizado e não escolarizado, pode parecer proveitoso a primeira vista, porém a chance de sobrecarregar seu filho com excessos é grande. Conteúdo não é tudo na vida. Viver com qualidade, ser criança, ter momento para criar e descansar devem fazer parte da vidinha de seu filho!

E um desafio: você deve se perguntar quais são os motivos que levam a permanecer  com seu filho na escola, e por que o mundo da educação domiciliar te atrai tanto. Faça uma reflexão sincera, e siga em frente com sua decisão, seja ela qual for.

O meu maior desejo é que tenhamos  todos, escolarizados e homeschoolers, satisfação e alegria na educação de nossos filhos!

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