domingo, abril 28, 2024
ARTIGOS

Eu quero fazer a vontade de Deus na minha carreira

Terminei uma palestra sobre Fé & Trabalho numa igreja em Piracicaba, interior de São Paulo. Assim que desci da plataforma, uma moça com jeito de estudante veio me dizer duas coisas que nunca vou esquecer. A primeira: “Você tirou um peso das minhas costas. Terminei meu mestrado na ESALQ e estava com a consciência pesada em pensar de partir para o doutorado. Quero muito dedicar minha vida a Deus e achava que isso só seria possível se eu parasse minha carreira acadêmica para ir pro campo missionário. Obrigado por me mostrar que nem sempre funciona assim!”. Fiquei feliz de ouvir isso. Mas então sua outra colocação me deixou intrigado. Ela parou, respirou fundo e disse: “Isso que você falou é tão importante! Por que a igreja não fala sobre esse assunto?”

WOW! Aquilo foi um soco no estômago. Bom, eu TINHA acabado de falar sobre isso. Aliás, tinha promovido uma semana toda para discutir a questão da espiritualidade DO trabalho (isso mesmo, DO trabalho. Porque em geral a igreja quando muito fala da espiritualidade NO trabalho. Mas isso fica para um outro momento….). Mas o que aquela jovem cientista cristã estava me alertando era para uma coisa muito séria: a igreja terceirizou a questão de trabalho e carreira! Não fala nisso como algo que faça parte da vida cristã.

Alguns pastores e líderes se desconectaram de tal forma do chão da vida que não conseguem mais ver a intenção clara de Deus em relação ao trabalho. A gente acabou formando uma mentalidade limitada e equivocada sobre tudo isso. Quem nunca ouviu alguém dizer que está “esperando se aposentar para ter mais tempo para servir a Deus”? O camarada passa 40 anos no mercado de trabalho achando que está servindo a quem?

Foi aí que eu percebi uma necessidade gigante da igreja contemporânea. Todos os domingos, recebemos um exército de empresários, empreendedores, funcionários públicos, artistas, cientistas, profissionais liberais, colaboradores de empresas de todas as áreas, professores e uma infinidade de profissionais cristãos que simplesmente não conseguem conectar suas carreiras de segunda a sexta com o que ouvem e fazem aos domingos.

Ainda temos gente demais pensando que você só serve a Deus na igreja e que o resto é “servir ao mundo”. É por isso que quando esse pessoal pensa em orientar seus filhos quanto às suas próprias escolhas acadêmicas e profissionais, eles se sentem perdidos. Se eles mesmos estão às voltas com carreiras que não decolam, ou mesmo com carreiras que decolam mas não trazem realização; se eles mesmos estão esperando ganhar dinheiro suficiente para não depender mais de suas empresas ou empregos para “servir a Deus”, o que eles poderiam oferecer para seus filhos.

E aí eles cometem um grande erro: passam a oportunidade de orientar seus filhos para aqueles que não têm nenhuma conexão com o Eterno. Profissionais secularizados, sem qualquer compromisso com a cosmovisão cristã, que vão reforçar aquilo que seus filhos estão ouvindo desde que nasceram: o importante é ser feliz, ter foco em objetivos concretos, ganhar dinheiro o suficiente para realizar todos os seus sonhos e aproveitar o que conseguiu conquistar na vida.

E então chegamos ao NÓS. Compartilhei essa necessidade com meu amigo Rodolfo Santos,  um gestor de empresas, pai de gêmeas que daqui a pouco estarão crescidas e vão se deparar com tudo isso. Trocamos ideias durante meses e aquela paixão por fazer algo a respeito foi crescendo e se tornando irresistível. Mas como viabilizar uma ideia tão poderosa?

Conhecemos o programa de inovação do SEBRAE e aí conseguimos transformar um sonho em projeto. Fizemos pesquisas, ouvimos adolescentes de Ensino Médio e pais em todo o Brasil. Percebemos que era uma dor comum. Foi numa dessas entrevistas que eu ouvi a frase do título desse texto. Foi outro soco, desta vez no fígado! Uma adolescente cristã, cheia de fé e de desejo de agradar seu Deus, estava me dando um grito de pedido de ajuda. O que ela estava me dizendo é que ela não estava sendo orientada sobre sua futura carreira profissional de forma clara o suficiente. Ela estava esperando que Deus mandasse uma mensagem pro seu celular, dizendo “faça este curso ou aquele, trabalhe 35 anos e depois venha me servir!”.

E sabe por que ela pensava assim? Possivelmente porque seus pais (cristãos), seu líder (cristão), seus amigos (cristãos) e até seu pastor (cristão) também pensam isso sobre a vida! Temos uma imensa dificuldade de atribuir valor espiritual ao trabalho. A gente até chama a nossa profissão de “trabalho secular”!

Não. O Nós não pretende ser a solução para todos os seus problemas existenciais. Mas a gente acredita que Deus nos ama o suficiente para que a nossa vida seja mais do que uma longa linha do tempo preenchida com trabalho duro, suor e lágrimas – com alguns momentos de êxtase durante o período de louvor na sua igreja no fim de semana.

Tem muito mais do que isso. A gente estudou, leu, pesquisou e aprendeu algumas coisas que podem mudar sua história e a história dos seus filhos e netos. Até mais do que isso. Mas espero já ter te convencido a dar uma olhadinha no que a Plataforma Nós tem a dizer.

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